quinta-feira, 7 de junho de 2012

As rendeiras do pontal



Filé, tradição aliada ao bom gosto garante qualidade das peças


Por: Mony Cavalcante
Editora: Imélia Bauducci

O Tradicional núcleo de rendeiras no Pontal da Barra é um ponto turístico de paisagem imponente, que possibilita ao turista todo o aconchego de sua tradição. Seja através de um passeio de escuna ou até mesmo a pé.

Além de propiciar a pesca entre os moradores locais, o pontal é o local mais visitado por turistas de todas as partes do mundo. Mas, embora sua beleza fascine os visitantes, essa demanda só acontece por conta de um fator muito importante na comunidade, a sua pitoresca culinária.

Além de oferecer encantamento e fascínio ao paladar exigente dos turistas, o bairro também apresenta uma paisagem tranquila e acolhedora. O Pontal surgiu a partir de uma aldeia e preserva até hoje suas características culturais.

Podemos dizer assim, que a natureza concentrada no Pontal da Barra não existe por acaso. Pois só mesmo um local com tanta beleza poderia servir de inspiração, para receber o colorido dos bordados das artesãs da terra e das simpáticas rendeiras. Que fazem hoje do local uma parada quase que obrigatória, por conta de seu artesanato, originada do filé.


Imagem: Mony Cavalcante



O filé é uma arte desenvolvida por uma comunidade simples e cheia de atitude, e viabiliza grande parte da economia local.

A rusticidade do lugar é fundamental para a circulação de curiosos e apreciadores do artesanato, que é tecido a mão, o que possibilita a leveza e delicadeza na produção das peças.

Recentemente, tivemos a possibilidade de fazer uma pesquisa in loco com algumas rendeiras do Pontal, e descobrimos que o fim de tanta tradição pode estar próximo. Pois, a tecnologia vem influenciando de forma significativa a vida da nova geração do bairro.

Os adolescentes, filhos dessas rendeiras, em grande maioria não pretendem continuar com a tradição que vem se perpetuando durante décadas. Dessa forma, acabam migrando para outros polos do conhecimento.

A maioria desses jovens vem almejando realizar outras atividades, por conta da grande carga de informação do mundo moderno, que os desligam do cotidiano dos seus ancestrais, deixando de lado, toda uma cultura que vem passando de geração a geração.

É claro que as artesãs não falam de um fim, assim tão drástico, quando fazem essas declarações. Porém, ao ver o comportamento dos mais jovens com quem elas convivem, percebem uma grande diferença comportamental e funcional de uma geração para outra, mas enfatizam.” isso pode ou não acontecer, depende muito das oportunidades e das capacitações oferecidas por parte do governo aos nossos jovens”.

A contemplação de um trabalho assim foi apaixonante! Pois, vivemos em um mundo de carência cultural e de pouca ligação com o passado, que ao contrário do que pensam a maioria das pessoas, o passado não é algo obsoleto, ele está ligado ao presente e ao futuro, e que sem o qual não compreenderíamos nossa existência.

Até mesmo porque, tudo o que aprendemos, torna-se passado e o hoje, deve muito ao ontem, e assim sucessivamente. E essa carga de amadurecimento, só se dá através dessa relação entre passado e presente nos enriquecendo pessoal e culturalmente.

Esse tipo de pensamento e de aprendizado deveria estar no consciente coletivo, principalmente porque vivemos num momento em que vivenciamos muita violência e desumanização dentro dos núcleos sociais.

E uma das coisas, que sem dúvida alguma poderia mudar essa realidade, seria o indivíduo respeitar e ajudar a preservar suas culturas, em prol do desenvolvimento local e de uma vida mais saudável.

A aculturação das massas no sentido da troca de informação, proporcionaria ao indivíduo de hoje, sentir na pele as dificuldades do outro, aprendendo a conviver com a diversidade cultural e respeitando-as em sua totalidade.

Maria como nós intitulamos a nossa fonte, por ela não querer se identificar, revela ainda, “a situação do povoado é preocupante, eu e a maioria das artesãs não temos estudo, e se a tradição deixar de existir e a gente não receber apoio, nem nossos filhos, não sei o que vai ser do Pontal, porque aqui, até a pesca é difícil agora”.


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